sábado, 16 de setembro de 2017

Em toda parte

A morte está em toda a parte: muitas das folhas que cobrem as florestas e as cidades estão mortas, assim como o estão os muitos insetos que encontramos em casa e fora dela; morto estará um artrópode que apareça na sala de uma família na hora da novela; a mesa do jantar, do almoço, às vezes do café da manhã; os pássaros caídos na rua; os cães atropelados nas rodovias; as placas de trânsito com instruções sobre velocidade máxima ou informações sobre a localização de sítios de inscrições rupestres; os rabos de lagartixas nos batentes de portas; as estrelas que vemos no céu noturno quando não está muito úmido, elas talvez estejam mortas; os deuses aos quais ocasionalmente rezamos; as pessoas com quem conversamos por livros, sonatas e canções: muitas delas estão mortas, e com todas essas coisas nós topamos no decorrer de um único dia, pois naturalmente tudo aquilo que está morto excede por uma necessidade mesmo matemática a totalidade do que está vivo.

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